Há já algum tempo os desabafos desta alma não são escritos. Não quer dizer que estejam calados, ou adormecidos na mais profunda calma....a verdade é que damos por nós sem tempo ou vontade para ouvir os nossos próprios desabafos.
Já lá vai o tempo em que o primeiro desabafo nos fazia querer mudar o mundo! Calámos as vontades e acomodámo-nos à vivência. Não quer dizer que não acreditemos naquilo de pensamos, apenas nos habituámos ao sentimento chato de ter sempre alguma coisa para dizer e pouca coisa para concordar "...é de esquerda!.." á quem o diga, e é nessa altura que soltamos mais uma das nossas gargalhas e os nossos desabafos se diluem como açúcar num copo de água.....num doce golo de água...
Já não ‘comanda-mos tropas’ nem ‘orienta-mos generais’, já não ficamos a ouvir o eco dos nossos desabafos no espírito dos outros......é assim que eu me calo, que tu te calas e que se calam todos aqueles com os quais nos cruzamos de manhã connosco na ida para o trabalho.
Talvez isto não passe de uma epidemia, ahahaha, tinha piada..........um surto que está a assolar o mundo ahahah! Os sintomas são fáceis: tonturas nos pensamentos, vómitos secos sem qualquer palavra, prurido na vontade e o mais doloroso silêncio que nos percorre o corpo, desde a ponta do pé. Não sei se existe cura, pelo menos não há vacina, nem antibiótico, nem qualquer outro tipo tratamento, que se conheça até agora. Questiono-me se será realmente uma epidemia, que progride de forma avassaladora, ou não passa de uma doença crónica que já nasce com cada um de nós......
Nunca o iremos descobrir pois nunca iremos soltar o mais breve desabafo sobre os seus sintomas. É a mais profunda ironia, ao fim e ao cabo, nunca iremos falar daquilo que não falamos.

É esse o dia de hoje

...

COMENTARIO: E qual é o limite entre as nossas expectativas individuais e aquelas que afectam as pessoas que estao à nossa volta?


Não creio que a nossa errante mente consiga traçar sequer uma fronteira imóvel entre perspectivas pessoais e as perspectivas que continuamos a remeter na aqueles que connosco se cruzam.

‘Seria hipócrita não admitir que tenho perspectivas para ti que convives comigo o dia inteiro, aliás até já imaginei o que vais dizer ao Brás quando ele te perguntar sobre os a análise dos terrenos que ele deveria ter feito....bem que merecia que lhe apontasses o dedo por falta de respeito e companheirismo...’
‘Seria hipócrita não admitir que as minhas convicções pessoais condicionam a tua maneira de ser. Claro está que não podes dizer que não, não agora que já marquei a viagem dos meus sonhos e que espero que se torne também na tua viagem de sonho....’

Que povo egoísta somos nós afinal? Que tipo de consciência consciente nos permite traçar essa mesma fronteira, isolando os nossos males e defeitos numa caixa de pandora? A verdade é que não sei....contínuo a admitir a mais fiel culpa das minhas expectativas...contínuo a admitir a mesquinhez que por vezes elas podem representar e contínuo a buscar a mais ténue linha que me permita distinguir as minhas das tuas perspectivas.
Os moralismos não me convencem. Quem já não ouviu a célebre “quem não errou, que atire a primeira pedra...”. Quem inventou uma frase tão forte, certamente que estaria bem certo de si mesmo. Assim, quando me perguntas acerca ‘do limite entre as nossas expectativas individuais e aquelas que afectam as pessoas que estão à nossa volta’, fico totalmente desarmada e comum se o suspiro se torna-se em desabafo digo-te que não sei. Não sei se existe limite, não sei onde está esse limite, nem porque ele existe, não sei quem és, nem se te quero conhecer, não sei se te agradeça pela pergunta, ou me preocupe com a resposta, não sei se as minhas perspectivas são as tuas, ou se as tuas são as minhas perspectivas.

Gerir expectativas....pois, sim.....é no meu interior que me pergunto quais expectativas pergunto eu?!!! Será que tenho mesmo a noção concreta das minhas expectativas e como as gerir??? :). Não achem que foi desta que eu enlouqueci...eehe, ainda faltam mais uns 876 desabafos... a verdade é que toda esta história de gestão de perspectivas é bem utópica, ou não fossemos nós todos detentores das ‘melhores perspectivas’!!

A verdade é que não sei se temos de nascer preparados, ou se temos de nos preparar, ou ainda se têm de ser outros a preparar-nos. Talvez concorde com o João. Os orientadores políticos são aqueles que quisermos, e portanto, a que ponto é que as nossas perspectivas podem ou não ser influenciados pelos nossos políticos, educadores, gestores, economistas ou simples padeiros :)

Tem piada...um simples padeiro ou sapateiro pode influenciar as minhas perspectivas!!!!!!! Eis que descubro mais uma vez que perspectivas não são definitivas mas sim aleatórias.
Então vocês levantam-se, erguem o vosso dedo firme e respondem-me a dizer que acreditam e confiam bastante nas vossas perspectivas. Aliás, que vocês até têm uma “perspectiva de vida”, segura e consistente, que vos permite enfrentar o sistema político nacional, europeu, capaz de vos auto regular enquanto cidadãos portugueses na procura do país mais ou menos perfeito (ehehehe consigo bem imaginar a vossa convicção)

Isto foi só para aguçar o vosso sentido do humor, para que possam soltar uma gargalhada durante um fórum que discute gestão de perspectivas. Talvez tenha sido também para admitir em frente a vós a incerteza quanto às muitas ‘perspectivas de vida’. Acredito que uma ínfima parte de vós sinta o mesmo que eu...eehehehehe ao menos não alucino sozinha eehehehe.

Bem, que isto vos faça pensar sobre a certeza das vossas perspectivas.....até breve

Em resposta ao post anterior "Gerir expectativas".
Concordo em parte com tudo o que foi dito aqui.
Apenas acho que ninguém nos tem que ensinar nada. A adaptação tem que passar por nós como individuos. Todos os desafios de que um mundo/economia global nos trás enquanto cidadãos são enormes, mas enorme é também o nosso potencial de crescimento como pessoas que lhe está associado. Nunca foi tão fácil como hoje viajar, contactar com pessoas de diferentes nacionalidades, aprender! Mas o que fazemos nós, e quando digo nós, refiro-me (e continuando a responder ao post) ao povo português em concreto, ficamos em casa, sentadinhos a frente da televisão a ver mais uma telenovela da TVI, ou um Big Brother ou afins. Tenho consciencia de que viajar ou muitas outras experiencias não é para a carteira da maior parte da população portuguesa, mas há televisão, jornais, revistas, internet, falar, conviver! Um sem fim de maneiras alternativas que os meus pais nunca tiveram, e que a nossa geração desperdiça.

Quanto à participação, todos deviamos ser mais participativos! O sistema está cheio de artimanhas para nos fazer pensar que o não pensar é o melhor, mas nunca o é!
Toda esta história de sociedade consumista, sem interesse por nada a não ser pelas novas tendências da moda ou novidades tecnológicas foi uma criação de empresas e politicos nos EUA e Europa, que após a 2ª Guerra Mundial, necessitavam de uma maneira de impulsionar novamente a economia mundial! E que maneira tão boa!
O problema e que hoje em dia, como os Chineses e Indianos e restantes países emergentes querem viver ao nosso nível, os recursos não são suficientes e a "crise" acorda as pessoas para a realidade de um modelo económico que não é sustentável...e ai meu amigo pensamos, e questionamos e revoltamo-nos porque a nossa vidinha é abalada. E a melhor fase para mudar...
E é neste contexto que a nossa geração vai ser essencial. Já nos chamaram de "rascas", viraram-nos as costas, mas temos que ter forças para mudar o mundo!

Acordar é o que nos faz falta! Pensar é o que precisamos.

Aqui deixo o meu contributo a este blog!

Embora ausente do país tenho acompanhado com grande tristeza as dificuldades que já há tanto tempo que atravessamos. Parece um deserto sem fim esta nossa travessia pela "crise" que de crise nada tem. Crise é uma palavra que representa um estado temporário, não uma recessão que dura à anos. O que vivemos em Portugal é um estado! Estado de depressão. Depressão politica, económica, social e pior de ideias.
Na última semana o país parou com um greve dos camionistas, e comentava um amigo meu, "Isto parece coisa de país terceiro mundista", empenhado lá defendi a atitude dos camionistas que lutavam por um ideal que afecta todos, os preços dos combustiveis. Espantado fiquei quando tudo se resolveu! O governo cedeu em várias exigências dos camionistas, menos no preço do gasóleo e os camionistas acabaram com a greve. Caricato!

Há um estado de apatia geral que emsombra Portugal. Vejo nas viagens que faço ao meu país, rostos cansados, palavras de desgosto e rancor "por um governo que abandonou todos principalmente os jovens". Mas será culpa do governo? Não estaremos nós cansados de Portugal? Fartos da nossa história e tradições que ficaram no passado e que se transportam para nós hoje em dia apenas como ecos? A resposta para mim é não! E vemos isso na cara de cada português que apoia a nossa selecção de futebol! Cria-se com o futebol o verdadeiro sentimento que poderá mudar o país! A união que existe e se estabelece-se entre nós durante um jogo de Portugal, porque somos Portugueses, devia ser transposta para o nosso dia a dia!
Pode começar simplesmente por comprimentar o nosso vizinho e falar do bom que nos rodeia para variar. Sair de casa, aproveitar o bom tempo que temos e mergulhar numa praia diferente. Saborear a vida! Viajar! Conversar!
Tornemo-nos pessoas mais felizes, e que o "fado" seja escrito por nós e não para nós!



Acreditemos minha geração!
João - Glasgow